Ilhada e… maravilhada!

Nada como escapar do frio e da seca brasilienses e ir para um sítio mais quentinho e úmido. O destino foi especial: o arquipélago de Fernando de Noronha. Posso dizer que é o lugar mais lindo que já conheci nessas andanças que a vida tem me proporcionado.

Foi cerca de uma hora de voo sobre o mar, entre Recife e Noronha. Ao chegar, quando o avião nem sequer havia tocado o solo, já me deparei com uma paisagem paradisíaca. Ao tocar o solo, pude perceber algo que me perturbou: o verde da paisagem era muito igual. Ao me aproximar, me certifiquei de que havia algo errado com a vegetação da ilha, pois estava toda coberta por uma planta trepadeira, que vim a saber, chama-se jitirana. É uma planta utilizada como forrageira e adubo, natural da caatinga brasileira, mas que em Noronha tornou-se uma invasora e está, simplesmente, destruindo a vegetação natural. Uma lástima. Aliás, de vegetação, o que mais vemos são invasoras — além da jitirana, leucena e capim.

Com essa observação, pudemos concluir que não houve a mesma preocupação em preservar a flora de Noronha e, de certa forma, a fauna terrestre, como houve de preservação da fauna e flora marinha. Parece que faltou um plano de manejo adequado para a parte terrestre do Parque. Em se tratando de ilha, o dinamismo ecológico é outro.

Fernando de Noronha é a única ilha oceânica brasileira habitada. Moram lá cerca de 5.000 cidadãos. Grande parte de seu território compõe o Parque Nacional Marinho, protegido por Lei. Por essa razão, é preciso pagar uma taxa de preservação ambiental ao governo de Pernambuco, que atualmente custa R$ 68,74/ dia/ pessoa. Além disso, a entrada em algumas praias só é permitida com o cartão de acesso ao Parna Marinho, que custa R$ 99,00 e tem validade durante todo o período em que estamos na ilha.

Passar uns dias em Noronha é relaxante e surpreendente. A seguir, um diário de bordo, com minhas impressões sobre os passeios e experiências por que passei em seis dias ilhada, e que me maravilharam.

I — O melhor passeio

Em todos os sites de viagem, uma dica se repete: fazer o Ilhatour. Confesso que o meu passeio preferido em qualquer lugar que vou é um city tour, mas nem sempre é possível.

O Ilhatour em Noronha é um desses que eu classificaria como indispensável: conseguimos ter uma visão geral da ilha, já que não estamos falando de um lugar tão fácil de voltar como é Guarapari para os mineiros, por exemplo.  Também vale a pena porque visitamos várias praias e podemos exclui-las do roteiro para os demais dias, ou voltar àquelas de que mais gostamos. Assim, o ideal é fazer o Ilhatour no primeiro dia.

As agências buscam os turistas nas pousadas, em caminhonetes 4×4. Um esquema simples, mas bem legal e muito funcional. Antes de começar o passeio, nos levam para alugar material de mergulho (snorkeling).

Primeiro nos levaram ao mirante do Leão, que tem esse nome porque uma das ilhas que avistamos tem o formato de um leão-marinho. Lugar lindíssimo, e nos disseram que era o mais feio. Bem, feio não é o adjetivo adequado, mas foi uma paisagem mais comum de se ver em outros lugares. No local, há ruínas de uma fortaleza, que já estão cobertas pelo mato. Mas há informações.

De lá, seguimos para a Baía do Sueste, onde deveríamos mergulhar, mas o mar não estava nada bom. Ainda bem, porque caminhando na praia vimos um tubarão. Não tão grande, mas era um tubarão. Com esse peixe eu não queria nadar, ainda mais que o único acidente com tubarão em Noronha ocorreu justamente nessa praia.

Na Baía do Sueste está também o único manguezal de ilha oceânica no mundo. É incrível como, diferente de outros mangues, esse não tem cheiro. E é lindo. Por óbvias razões, é necessário o cartão do ICMBio para entrar na Baía do Sueste.

Depois, fomos para a praia do Porto de Santo Antônio. Sim, o porto da ilha, por onde chegam os víveres e tudo o mais. A água é incrivelmente limpa e cheia de vida. Vi muitos peixes coloridos, de vários tamanhos. Nadei com duas tartarugas marinhas, que pastavam tranquilamente bem próximo à praia e ao local onde os barcos ancoram. E ainda vi uma arraia relativamente grande, ágil, bela.

No porto, há um navio naufragado que faz as vezes de um coral e onde há concentração de vida marinha. Trata-se da embarcação grega Eleni Stathatos, que se chocou com pedras, o que gerou avarias no caso e acabou por encalhar a 50 metros da praia, na Baía de Santo Antônio, em outubro de 1929. Em alguns meses, foi completamente abandonada pela tripulação. Levava um carregamento para estradas de ferro que seriam construídas na Argentina. O navio demorou mais de 10 anos para submergir totalmente, o que ocorreu em 1946.

Pertinho do porto, fomos a outro mirante, o Buraco da Raquel. Diz a lenda que Raquel era filha de um dos militares da ilha e tinha algum tipo de deficiência mental. Quando queria ficar sozinha, ia para lá. Essa é outra paisagem magnífica, bem ao lado do Museu dos Tubarões, sobre o qual vou comentar mais adiante.

Após o almoço, nos encaminhamos para aquela que é considerada a praia mais linda do mundo pelo Trip Advisor, a Praia do Sancho, que também está na área do Parna Marinho. Para chegar, é preciso percorrer uma trilha hipermegafácil: uma passarela feita de plástico reciclado, imitando madeira.

Antes do mergulho na praia, pudemos admirar a belíssima Baía dos Porcos. Paisagem única, o lugar mais lindo que já conheci, uma variedade de tons de azul e verde com dois montes — realmente deslumbrante.

Depois de inúmeras fotos com a vista mais linda, a aventura para chegar até a praia do Sancho: é preciso descer uma escada por entre as pedras. A escada é muito bem-feita e firme, mas como o espaço é bem limitado, mochilas, bolsas e afins descem por um gancho amarrado numa corda.

Mergulhamos num mar límpido e calmo, cheio de arraias. Na areia, muitos caranguejos, que se camuflavam com as pedras vulcânicas do local. Vida, vida, vida!
Saindo dali, fomos para a Praia da Cacimba do Padre, em cujo final há uma trilha para a Baía dos Porcos. Nessa praia, demos com o que corresponderia ao sopé do Morro Dois Irmãos, o cartão postal mais famoso de Noronha. Lugar magnífico! Apreciamos ali o pôr do sol, o mais tocante que já vi.

II – Um pouco de aventura

Todo mundo já deve saber que gosto de mato e de caminhar. Não é, portanto, surpresa que tenha marcado umas trilhas pelo Parna de Noronha. A primeira que fizemos foi a Trilha dos Abreus. Para fazer essa trilha, é preciso marcar no ICMBio, pois o número de pessoas permitido é limitado.

Logo no início, uma placa avisando que o grau de dificuldade da trilha é alto, mas desprezei o aviso solenemente. De fato, o caminho não apresenta grandes subidas, não é cheio de pedras, porém… tem água minando em várias partes e precisei encarar verdadeiros rallies de barro.

Estava calçada com uma papete, que resistiu bravamente, mas meus pés se enlamearam muito e a caminhada ficou difícil.

Para chegar à piscina natural, a grande aventura: é preciso descer um trecho pedregoso e muito íngreme, com o auxílio de uma corda. Mas, francamente, para mim foi bem mais fácil do que os rallies de barro.

Ao chegar, uma paisagem incrível. A praia quase não tem areia, é totalmente coberta por rochas de origem vulcânica. Uma quantidade gigantesca de caranguejos, de todos os tamanhos, sendo que os machos eram bem maiores e muito coloridos, enquanto as fêmeas eram menores e da cor das pedras. A piscina natural não era tão grande, de forma que preferi esperar que o restante dos visitantes saíssem, e foi maravilhoso: vi muitos peixes coloridos, uma diversidade incrível, pequenos cardumes, enfim, valeu demais enfrentar todos os pontos de lama para chegar lá e… para voltar depois, claro.

Como essa praia está no chamado mar de fora — a terra firme dali pra frente é o continente africano —, o mar é bem agitado e, portanto, não é apropriado para pegar uns jacarés. A depender das marés, se dá a formação de piscinas naturais, que foi o ponto alto desse passeio. Por óbvias razões, não é permitido o uso de protetor solar nem de outros cosméticos, e é obrigatório o uso de colete, para permitir a flutuação.

III – Volta à ilha pelo mar

Logo cedo no terceiro dia, fizemos um passeio de barco, que é um tipo de ilha tour, mas pelo mar. A agência marca de nos buscar na pousada às 7h30 da manhã e antes de nos dirigirmos ao porto, vamos alugar o material de mergulho.

No porto, temos que apresentar a carteirinha do ICMBio, pois na programação está uma parada na Baía do Sancho para mergulho.

Mal o barco saiu do porto, avistamos um grupo de golfinhos. Como são lindos! Era um grupo de machos, que viu na embarcação a possibilidade de ser um predador e tentava distraí-lo e afastá-lo das fêmeas e dos filhotes. Nunca tinha visto golfinhos tão de perto. Como são ágeis e espertos! Sempre alertas, no mar não pode dar bobeira!

O passeio foi ligeiramente prejudicado por um garotinho alcunhado por nós de “garoto-propaganda-de-camisinha”. O moleque, pirracento, não deixou ninguém ouvir a guia. Paciência! A paisagem valeu o passeio.

Um dos tripulantes do barco é figura lendária em Noronha, conhecido pela alcunha de Pirata. Conversamos bastante na volta, e ele me contou sua vida inteira de homem do mar. Figuraça e uma simpatia, me apelidou de “Mineira”, pediu minha câmera emprestada e tirou uma foto minha no leme; depois, teve gente pedindo foto igual, mas o Pirata tratou de cortar rapidinho. A experiência foi interessante. Por ter vivido sempre no interior, nunca havia segurado um leme. É preciso força, porque ele vira sozinho com facilidade e aí o barco fica, literalmente, ao sabor das ondas.

Na Baía do Sancho, paramos num local mais distante da praia, mais fundo, próximo a um coral, para mergulho. Muitos peixes, bem diferentes daqueles de outros mergulhos, e até uma moreia foi avistada, mas preferi manter segura distância.

Antes de chegar ao porto, pudemos apreciar uma tartaruga enorme no mar, lindíssima!

E o garoto-propaganda-de-camisinha simplesmente dormiu o caminho de volta inteiro, nos dando, pelo menos nessa hora, a possibilidade de apreciar em paz aquela beleza toda.

 

IV – Um pouco de História

O passeio de barco é intenso, mas termina cedo. Por volta de 12h00 já estávamos na pousada. Para esse dia, marcamos um passeio chamado Trilha Histórica, em que uma guia nos acompanhou pela Vila dos Remédios e contou a história de Fernando de Noronha.

Confesso que não confiei muito na guia. Logo de início, estava confundindo o período colonial com o Império e, claro, dali para frente desconfiei de cada palavra. Ainda bem, porque depois, lendo no Memorial da cidade, vi que a moça precisava estudar mais um pouco para ser guia de história.

Fernando de Noronha foi descoberta em 1503, por Américo Vespúcio. É um arquipélago de origem vulcânica, com uma área total de 26 km2, 17 dos quais ocupados pela ilha principal. Foi a primeira capitania hereditária do Brasil, pois o rei de Portugal a concedeu ao fidalgo e explorador de pau-brasil, Fernão de Loronha.

Entre os séculos XVI e XVIII sofreu várias invasões, mas Portugal a protegeu com unhas, dentes e canhões: são dez fortalezas distribuídas nos 17 km2 da ilha principal. Em 1700, o arquipélago se tornou ligado a Pernambuco, que o defendeu das invasões holandesa e francesa.

No final do século XVIII, a ilha se tornou um presídio. Nessa época, se mudavam para lá militares, com a função de dirigir o presídio e, claro, vigiar os presos. Justamente por isso, boa parte da mata que ali existia foi eliminada, tanto para não perder os condenados de vista quanto para evitar a construção de embarcações improvisadas com madeira das árvores. A vida no presídio era regida pelo trabalho — sem nenhum direito, diga-se de passagem: nada de férias, folga semanal, décimo terceiro. Havia diversas oficinas, bem como atividade agrícola, pois tinham que produzir o próprio alimento.

Não havia separação entre presídio masculino e feminino, de forma que as mulheres que eram levadas para lá compartilhavam o mesmo ambiente que os homens e ali constituíam família. Como os militares iam para Noronha com suas famílias, a mesma escola que recebia seus filhos recebia também os filhos dos presos. Isso é que é educação igualitária!

Quem passou por lá para uma parada técnica foi navio HMS Beagle, que tinha o naturalista e geólogo britânico Charles Darwin entre seus tripulantes. Foram poucas horas, em que Darwin observou a formação de origem vulcânica do arquipélago e o hoje chamado Morro do Pico, o mais alto de Noronha. Tudo devidamente anotado em seu diário.

A ilha ainda serviu de base americana na Segunda Guerra Mundial. Foram os americanos que construíram a nova pista e o terminal de passageiros do aeroporto de Noronha, em 1942.

Noronha foi prisão também na época da república e recebeu presos políticos ilustres, como Miguel Arraes, preso pelos militares do golpe de 1964.

Atualmente, Fernando de Noronha é um distrito estadual de Pernambuco, gerida por um administrador nomeado pelo governador do Estado. Mais informações estão na crônica “É proibido nascer”.

A parte histórica da Vila dos Remédios compreende as ruínas do presídio, do armazém e do Forte de Nossa Senhora dos Remédios. Algumas construções ainda estão preservadas, como o Palácio São Miguel, a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e a escola. O Palácio de São Miguel é a sede da administração do arquipélago; a igreja está preservada, mas necessita muitos reparos e a escola, atualmente, abriga um banco, que zela pela preservação do edifício.

Depois de fazer a trilha com uma guia que dá inúmeras informações erradas, concluí que esse passeio pode ser feito autoguiado, prestando atenção às placas, que explicam a história. Uma visita bem demorada ao Memorial Fernando de Noronha proporciona uma verdadeira aula de história.

V – Vip?

Para o quarto dia, marquei apenas o passeio chamado “Entardecer vip”, de forma que aproveitei a manhã e fui dar um mergulho na Baía dos Porcos. Que lugar lindo! Que água gostosa!

Observei muitas mabuyas, espécie de lagarto endêmica da ilha, cuja coloração é uma perfeita camuflagem: da cor das rochas vulcânicas salpicadas com a areia. São muito ágeis e não consegui uma foto legal.

Para chegar, aconselho esperar a maré subir, porque dá para ir de ônibus até a Praia do Bode; de lá caminhamos pela praia até a Cacimba do Padre, onde fica a trilha para a Baía dos Porcos. É o caminho mais perto para quem estiver a pé.

A manhã passou muito rápido, e não tivemos tanta chance de contemplação, devido ao relógio apressado: às 14h30, a agência nos buscaria para o tal do “entardecer vip”.

O barco era de primeira, com dois andares e, sob esse ponto de vista, pudemos até nos sentir ricos. O passeio inclui a tal da prancha submarina, uma pranchazinha transparente, amarrada no barco. Caímos no mar com máscara e seguramos a prancha, enquanto a cabeça fica dentro da água, com o intuito de observar a vida marinha.

Ocorre que não dá para ver muita coisa. O barco vai devagar, mas mesmo assim, é uma velocidade muito alta para vermos os peixes. Além disso, velocidade e a água batendo desestabilizou minha máscara, de forma que passei boa parte dos 30 minutos tentando colá-la de novo ao meu rosto.

Depois desse mergulho esquisito, nos foi servido um churrasco de peixe e de carne também, feito na hora. O cardápio ainda incluiu pão de alho e salada. Durante o período em que as carnes assam na churrasqueira, o barco fica parado, ao sabor das ondas. Na hora em que refeição foi servida, no pôr do sol, mal consegui apreciar: estava mareada, e só consegui comer a carne porque, como qualquer carne de churrasco, é salgada e me salvou do enjoo.

Um passeio que de vip não tem nada, a não ser o barco bacana. Mas pude ver que nem todos os barcos são legais como o nosso era. Não recomendo, haja vista que a única foto desse passeio que me dignei a postar foi meu autorretrato.

VI – Mergulho frustrado

Como só tinha uma trilha marcada para as 15h00, aproveitei a manhã para comprar souvenirs. Os melhores lugares para isso são as lojinhas dos Postos de Informação e Controle (PIC) do ICMBio. Também há algumas lojinhas legais na Vila dos Remédios, mas muitas não abrem pela manhã, só mais tarde.

A trilha que marquei no ICMBio foi a famosa trilha do Atalaia. Há dois tipos: a trilha curta, com pouco mais de 1 km de distância, autoguiada; e a trilha longa, com mais de 4 km e que deve ser feita obrigatoriamente com guia. A diferença, além do tamanho, é que a trilha longa proporciona um mergulho em três piscinas naturais, enquanto na curta nadamos em apenas uma piscina. Isto é: se a maré permitir.

Recomendo que aqueles que queiram marcar a trilha longa o façam com antecedência, antes da viagem, porque é bem concorrida. Eu, por exemplo, só achei vaga para a curta. Mas, como a maré estava alta no dia em que fui, e o mar de fora bastante agitado, não houve formação de piscina, de forma que apenas contemplamos o mar e a paisagem lindíssima, com a Ilha do Frade. Uma pequena frustração: queríamos mergulhar ali.

Fiquei muito impressionada com a quantidade de lixo que havia na praia, tudo trazido pelo mar. A monitora voluntária do ICMBio nos contou que já encontrou naquela praia até tampa de garrafa da Coreia. Não sei se é verdade, mas que havia muito plástico e lata, isso havia, e vou dar um crédito.

A caminhada pela matinha é bem agradável e muito fácil. O único ponto difícil é próximo à praia, quando há um corregozinho para atravessar e somente pedras onde pisar. Posso garantir que é muito mais fácil do que os rallies de barro da trilha dos Abreus.

Como o passeio terminou cedo, tomamos o ônibus e fomos para o Museu dos Tubarões, onde visitamos a exposição das fascinantes mandíbulas de diferentes espécies. Lemos muito a respeito desses peixes, especialmente sobre os sentidos, coisa que pude relembrar das minhas aulas de Zoologia dos Vertebrados, na faculdade — lá são vão mais de 20 anos. Aproveitamos para lanchar no bar do museu, simples, com comidinhas gostosas.

VII – Despedida

No último dia, já bateu uma saudadezinha. Fernando de Noronha é um lugar incrível! Como o voo era à tarde, aproveitamos a manhã e fomos ao Mirante dos Golfinhos. O ideal seria ir bem cedo, mas choveu muito forte e isso nos atrapalhou. Mesmo assim, quando a chuva deu uma trégua, partimos. Afinal, a distância era de apenas 30 minutos a pé de nossa pousada. No meio do caminho, ainda fomos surpreendidos com uma pancadinha de chuva.

Chegamos no PIC Sancho um pouco molhados, os calçados ligeiramente enlameados. Seguimos pela trilha dos golfinhos, mas realmente chegamos tarde, e eles já estavam dormindo.

Pudemos observar as aves do local, muitas noivinhas. Também um mocó, que ficou muito assustado com nossa presença, mas depois se acostumou. O sol resolveu dar as caras e mais gente começou a aparecer. Chegou nossa hora de retornar, terminar de arrumar as malas, fazer o checkout na pousada e ir para o aeroporto.

Fernando de Noronha é um lugar que quero voltar. Quem sabe um dia?

Dicas para os viajantes:

  1. Para chegar a Noronha, só de avião, por Natal ou por Recife. Cruzeiros estão proibidos.
  2. Sugiro pagar as taxas de preservação ambiental e o ingresso do Parque Nacional uns cinco dias antes da viagem, para dar tempo de compensar o pagamento. Vale a pena, porque levando todos os comprovantes, a fila de check-in na ilha é bem ágil, comparativamente à fila de quem deixou para pagar lá.
  3. Ao chegar, a primeira coisa a ser feita — depois do check-in na pousada escolhida, claro — é ir ao ICMBio para buscar seu cartão-ingresso e marcar trilhas em áreas com entrada limitada. Depois, se ainda não tiver marcado os passeios, é só ir nas diversas agências de turismo.
  4. O cartão do ICMBio é de plástico. Pensei, sinceramente, que fosse reaproveitado. Bastava deletar meus dados do código de barras correspondente e passá-lo para outro usar. Mas não. No aeroporto, onde achei que ia devolver o cartão, havia um incentivo para destruí-lo, e o plástico seria utilizado na reciclagem. Preferi trazer os nossos de lembrança.
  5. Muita gente me recomendou alugar um buggy, mas eu sempre prefiro andar de ônibus, me misturar no povo e conhecer o lugar pelo trajeto do veículo. Considero que fiz uma ótima escolha: depois ficamos sabendo que a diária de um buggy custava R$ 290,00, e o litro de gasolina no único posto de Fernando de Noronha, quando fomos, estava a R$ 5,40. Um buggy faz cerca de 6 km/l.
  6. O ônibus em Noronha tem pontualidade britânica. São apenas dois veículos que passam a cada 30 minutos. A passagem custa R$ 5,00/ pessoa e os moradores da ilha (que vivem lá no mínimo há 12 anos) não pagam; apenas os turistas. Achei isso muito legal!
  7. Comida custa caro em Noronha. A pesca é apenas artesanal e não supre a demanda, de forma que até os peixes são “importados do Brasil”. A ilha tem chefs, há restaurantes de excelente qualidade, mas com o precinho salgado. Um PF na pousada em que me hospedei custava R$ 70,00. Tudo bem que era um prato feito com filé mignon, mas R$ 70,00????
  8. Não tem picolé em abundância. Dificilmente encontramos o sorvete que desejamos.

 

Fotos: acervo pessoal da autora.

2 Responses

  1. Telma Facanha disse:

    Parabens Vania! Com certeza foi uma viagem inesquecivel. Beijos

  2. Patricia Fernandes disse:

    Querida, amei viajar na sua viagem a Noronha!!