Malhando

Frustrated.Minha editora, Noga Sklar, depois que se mudou para os States vive nos informando sobre como tudo funciona (e bem) por lá. Bom pra ela, porque por aqui tudo continua disfuncional e, claro, quem paga a conta (e passa raiva) somos nós, consumidores. Eu poderia dar diversos exemplos, mas hoje quero “malhar” as famigeradas operadoras de TV por assinatura.

Há cerca de três anos, decidimos nos livrar dessa modalidade de entretenimento em casa: assistíamos pouco à TV, e os programas, especialmente os filmes, repetidos, já estavam nos irritando. Isso, sem falar que quando chovia a TV não funcionava. Foi uma luta para cancelar, mas conseguimos, e a tal operadora ficou de vir buscar o tal aparelhinho transmissor. Não veio.

Após quase três anos, recebemos uma “Notificação Extrajudicial”, em juridiquês (para assustar), mas com um final bem claro: se não restituíssemos o aparelhinho, teríamos que pagar R$ 1.537,15. Era esse o valor do aparatozinho completamente obsoleto. Mas para o azar da tal operadora, não havíamos descartado a “engenhoca”. Ela estava lá, prontinha para ser devolvida, bastava ligar para o número indicado na tal notificação e marcar o dia que eles enviariam alguém.

Assim fizemos. E ninguém apareceu. Ligamos novamente, e fomos enfáticos ao solicitar o número de protocolo e o nome da atendente. Não demoraram dois dias para aparecer, e, claro, devolvemos mediante recibo. Tudo certo pra nós, mas não creio que fomos os únicos a receber a tal notificação. Dos que receberam, quantos ainda teriam o obsoleto aparelhinho depois de tanto tempo nessa vida corrida de hoje em dia? Por que a operadora não vem buscá-lo logo após o cancelamento da assinatura? Tenho cá pra mim que esse é o modus operandi — uma maneira de ganhar dinheiro se aproveitando da boa-fé do consumidor.

Para reforçar minha hipótese, esta semana meu cunhado teve um problema chatíssimo com outra operadora de TV por assinatura. Ele havia pedido cancelamento de um dos pontos de sua casa e a suspensão do serviço no período em que estaria viajando. Pois não é que a conta veio in-tei-ri-nha? O coitado perdeu mais de uma hora de seu dia para rearrumar as contas e nem conseguiu. Somente depois de ouvir a gravação do pedido feito há mais de 15 dias, o que levará 48 horas, é que a operadora (supostamente) o contactará e ele poderá certificar-se (ou não) de que está tudo solucionado. Ao finalizar a ligação, ele disse ao atendente: “Não precisa dizer que a XXX agradece sua ligação e outras babaquices, porque estou muito perto de cancelar tudo”. Lavou a alma de todo mundo em casa!

É incrível como nunca conseguimos fazer nada que envolva operadoras de TV por assinatura ou de telefone com rapidez e tranquilidade. Não acredito em incompetência, penso ser uma ação deliberada para conseguir mais dinheiro, já que prejuízo elas nunca têm. Tais operadoras são assim nos outros países? Duvido. A verdade é que não existe nada favorável e fácil ao consumidor no Brasil, a não ser a contratação do serviço. Os contratos, aliás, são sempre repletos de letras miúdas, notas de rodapé e haja paciência (e vista) para ler. Qualquer pequena mudança no contrato é dor de cabeça na certa. Para completar, a agência reguladora é ineficiente (ou conivente, vai saber?) e nosso rico dinheirinho acaba nas contas das corporations ou em algum propinoduto qualquer — do jeito que a coisa anda, não descarto essa possibilidade.

Às vezes dá até pena do pobre do atendente que, na prática, não passa de um moleque de recados, deve ganhar muito mal para intermediar as “negociações” dos consumidores com a empresa. É ele quem paga o pato em primeira instância, afinal, naquele momento “representa” a operadora. Aliás, atendentes e operadores de telemarketing são outro tema que merecem uma boa malhada, mas fica para outra ocasião.

Por ora, vale lembrar que com o advento das smart TVs e outros recursos, a TV por assinatura está, aos poucos, deixando de ser uma opção. E nossos problemas devem se reduzir “apenas” às operadoras de internet, coincidentemente, as mesmas de telefone e TV por assinatura. No frigir dos ovos, passaremos as mesmas raivas, ainda que tenhamos uma coisa a menos para administrar.

Da experiência em minha casa, posso testemunhar que, além da economia, tudo está melhor depois que cancelamos a TV por assinatura. Temos mais tempo para ler, sair, passear, andar no parque, ir mais ao cinema, ver gente de carne e osso, conversar, conviver. São coisas assim que, no meu entendimento, fazem a vida valer a pena!

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2 Responses

  1. Caetano disse:

    cai na mesma esparrela. pago a anos por dois pontos de net em casa, mas sempre usei só um. fui procurar a segunda caixinha, sumiu ao longo dos anos. querem me cobrar 480 reais pela porcaria que deve custar 5$ na china. nem isso, já que eletronico vira lixo defasado em seis meses. reclamei, esperneei, e ao que parece terei de pagar mesmo. veja o absurdo da situação: pago por algo que não uso, religiosamente, anos a fio. e agora devo ressarcir a net em 480 reais. chamo isso de mau-caratismo corporativo. como pode uma empresa não ter carater abertamente? tô cheio dessa me***…

    • Vania Gomes disse:

      Olá, Caetano!
      A situação é mesmo de total descaso com o consumidor. A minha operadora é um pouco pior: a cobrança foi de mais de R$ 1.500,00!!! Por lixo eletrônico!
      Definitivamente, a agência (des)reguladora fecha os olhos para esse tipo de operação que, ao que parece, é deliberada mesmo.
      Abaixo a TV por assinatura!
      Abraços.