Faroeste caboclo

arruda2As eleições se aproximam e, cada vez mais, a busca por votos se intensifica. Assisto ao horário eleitoral gratuito com certa frequência. Aqui no Distrito Federal, até a morte é candidata.  Explico: é que levei o maior susto quando vi uma mulher de preto, com um negócio na cabeça que parecia um capuz e com uma foice ao lado; para mim, era a imagem perfeita da morte das revistas em quadrinhos. Socorro!

Tem partido que afirma categoricamente que vivemos uma verdadeira ditadura. Oi?!? Desculpem, mas por mais que eu tenha algumas preocupações com certas atitudes da situação, não posso concordar com uma afirmação dessas.  Se vivêssemos numa ditadura, essa gente jamais estaria na televisão ou no rádio dizendo isso abertamente em rede nacional. Aliás, não existiria sequer eleição, e muito menos direito à propaganda política gratuita com toda a liberdade para dizer o que bem quiser. Há poucos meses relembramos o que foi a ditadura, com a memória dos 50 anos do golpe militar. Não é que seja o ideal, mas o que vivemos no presente é muito, mas muito diferente de uma verdadeira ditadura. Graças a Deus!

Muitos, como o João do Santo Cristo, conhecem Brasília, gostam, ficam e fazem planos: “Meus Deus, mas que cidade lindaaa! No ano novo eu começo a trabalhar…” Com o horário eleitoral (de vez em quando vejo também o de São Paulo), está bem explícito que muita gente no país inteiro espera começar a “trabalhar” no ano novo aqui na Capital Federal. Tem até candidato dizendo que “Brasília é o seu lugar”, no melhor estilo Roberto Carlos.

Ocorre que tem gente morando em Brasília desde 1960 e que também se candidata e vota. Eu, por exemplo, moro no Distrito Federal há quase treze anos. Decidi transferir meu título de eleitor para cá nas últimas eleições, quando tive a máxima certeza de que não voltaria a viver em Beagá tão cedo; talvez nunca mais. Além disso, aqui as eleições são de quatro em quatro anos e não de dois em dois. E afirmo, categoricamente, que durante este breve período, o melhor governador que vi passar por aqui foi o José Roberto Arruda. Acreditem, ele mesmo, que foi preso, julgado e condenado depois que um vídeo comprometedor foi propagado em rede nacional! Ficou preso por um período, saiu e agora é candidato a governador do quadradinho. Uai, pode isso, produção? Mas e a Lei da Ficha Limpa?

É esse o imbróglio que vivemos aqui no Planalto Central. Quiçá a eleição para governador daqui seja decidida na justiça, visto que o Arruda é, disparado, o primeiro nas pesquisas, vem recorrendo das decisões do TRE e agora vai recorrer da decisão do TSE. Palpito que seu sucesso ocorre por duas razões: a primeira, pelo fato de seu governo ter sido realmente bom, principalmente se compararmos ao governo atual, que é lamentável, para dizer o mínimo. A segunda razão é que ele é cacifado pelo clã mais forte de Brasília, entenda-se Joaquim Roriz e família. Contudo, nada disso deveria pesar na hora do voto, pela óbvia razão de que foi cometido um crime, já julgado e com sentença; não estamos falando de suposições.  Mas parece que o povo daqui não pensa assim, e acredita piamente na justificativa do candidato, de que é um injustiçado e que o PT armou tudo, o vídeo foi feito na época da campanha, quando ele não era governador e blablablá.

Em momentos como esse, quase me arrependo de ter transferido meu título de eleitor. Apesar de tudo, parece que Beagá tem mais maturidade, não é tão pequena e provinciana como a cidade em que vivo atualmente. Brasília, ou melhor dizendo, o Distrito Federal, parece aquelas corrutelas onde o coronel local manda e desmanda, decidindo em quem “seu” povo deve ou não votar. É muito triste ver o sonho de Dom Bosco e a realização de JK, que concretizou um plano da época do Império, transformado no mais autêntico “Faroeste Caboclo”.

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1 Response

  1. Tati disse:

    Pois eu não me surpreendo quando você assume que o Arruda foi o melhor governador que Brasília já teve. Do jeito que a coisa anda, cê sabe que eu tô até com vontade de votar no Maluf? Afinal, ele rouba, mas faz!
    Beijos e sucesso!