Evolução em andamento

  O mundo tal como o conhecemos, com os seres vivos que o povoam, é resultado de um processo evolutivo de bilhões de anos. As espécies, incluindo a humana Homo sapiens, são todas dinâmicas e obedecem a “leis” próprias, que incluem a influência do meio ambiente.

A evolução da espécie humana, portanto, permanece em andamento, mas não percebemos seus efeitos, porque leva algumas gerações. Pois um estudo muito interessante, publicado no periódico especializado PLoS Biology, demonstra como a espécie humana está evoluindo. E o resultado encontrado sugere que a seleção natural está eliminando mutações genéticas prejudiciais, que abreviam a vida dos indivíduos.

A pesquisa analisou alguns marcadores genéticos de 215.000 indivíduos nos Estados Unidos e no Reino Unido. Realmente, uma amostragem imensa. Mais de oito milhões de mutações foram analisadas, e duas mostraram que estão menos prevalentes com a idade: um gene ligado à doença de Alzheimer e outro relacionado ao tabagismo em homens. Indivíduos sem estas mutações, provavelmente, vivem mais.

Tais mutações se manifestam em indivíduos com idade mais avançada, ou seja, já fora do período de vigor reprodutivo — aqui há que se considerar que todo o “esforço” é passar os genes para as próximas gerações e contribuir para a perpetuação da espécie. Então, a pergunta é: por que estão ficando mais raras? Era de se esperar que tais mutações fossem neutras.

Bom, o estudo não foi suficiente para esclarecer tais questões, mas os autores apresentam algumas sugestões intrigantes. No caso do gene do tabagismo, um homem que vive mais tem a chance de ter uma prole maior, já que o vigor reprodutivo masculino dura muito mais tempo. No caso do Alzheimer, sugere-se que os pais que sobrevivem até a velhice, além de cuidar de seus filhos, cuidam também dos netos, aumentando as chances de sobrevivência e reprodução das gerações seguintes. Esse achado pode ser uma explicação para a chamada “hipótese da avó”, um nome para a ainda mal compreendida (cientificamente) longa vida de mulheres após a menopausa.

No entanto, para provar isso estatisticamente, seriam necessários uma amostra muito maior e um estudo ao longo de gerações. Não é nada fácil. A pesquisa do grupo da Universidade de Columbia aponta alguns caminhos, mas nada definitivo.

A evolução das espécies é um processo contínuo. Favor não confundir evolução com progresso: a evolução é um processo biológico, enquanto o progresso é fruto da engenhosidade de uma única espécie. E é na questão do progresso que nos deparamos com as diferentes populações humanas, em diferentes estágios de progresso. É notável como alguns grupos são mais desenvolvidos do que outros, mas não mais evoluídos. As populações com maior progresso possuem algumas características em comum, assim como aquelas com menor progresso.

Uma característica comum aos países mais atrasados, que salta aos olhos, é a corrupção. Nesse sentido, aliás, sugerimos um estudo nos moldes desse que foi feito pelos pesquisadores da Universidade de Columbia. É provável que haja algum gene relacionado à susceptibilidade de corromper e ser corrompido, e que sua prevalência esteja aumentando ao longo das gerações de brasileiros. Afinal, não é à toa que alçamos o 4º lugar no índice de corrupção do Fórum Econômico Mundial. A corrupção aqui deve ser biológica!

Absurdos à parte, é difícil explicar tanta corrupção no Brasil, entranhada em todos os níveis, desde uma compra de produto contrabandeado até a presidência da República no exercício do mandato. Só nos últimos dias foram presos o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os empresários-irmãos Batista, o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. Isso, sem contar os mandados de busca e apreensão do ministro da Agricultura, Blairo Maggi; a segunda denúncia do MPF contra o presidente da República; e o deprimente depoimento de Lula no segundo processo em julgamento por corrupção e lavagem de dinheiro.

O Brasil de hoje é uma desgraça. Francamente, como ainda sobrevivemos?

Muitos de nós não seremos suficientemente longevos para ver o Brasil progredir, mesmo que estejamos evoluindo para viver mais. A sujeira é tanta, que não conseguiremos limpar em apenas uma geração. Ainda temos que evoluir e progredir muito!

Bom fim de semana procês!