Incompetência, burrice e outras mazelas

Petrobras Praga 01Sessenta e quatro bilhões de reais: é exatamente este o preço da incompetência de poucos que todos teremos que pagar, uns mais, outros menos, mas todo mundo com certeza. Está bom ou quer mais?

Juntamente com a roubalheira, a incompetência, a incapacidade de gerir um país com o mínimo de responsabilidade está afundando o Brasil, e talvez esse rombo todo nas contas seja fruto muito mais da incompetência.  Os corruptos da Lava-Jato terão que devolver R$ 1,5 bilhão — pouco, perto dos R$ 64 bilhões, valor do déficit + 0,7% do PIB (superávit primário) para 2016.

Por exemplo, na casa de um brasileiro médio, as contas são feitas de forma que as despesas sejam menores que a receita, e assim se consegue o “superávit primário doméstico”. É matemática simples, continha de somar e subtrair. Mas no Brasil administrado há treze anos pelo mesmo grupo, a conta ganha mais variáveis e, consequentemente, não fecha.

Qualquer família brasileira está cortando gastos há algum tempo: com a crise se aproximando, todo mundo aperta o cinto, tranca o bolso. O mesmo não se pode dizer do atual governo. O interesse não é gerir o Brasil de modo que todo mundo possa pôr a cabeça no travesseiro à noite e dormir um sono despreocupado com as contas, com a certeza do atendimento de qualidade no hospital público, com as vagas garantidas em boas escolas públicas. Guardadas as devidas proporções e comparações com uma família, a responsabilidade fiscal não é tão diferente assim. Exceto quando o interesse é parecer, aparecer, e, claro, ganhar eleições, perpetuando-se no poder.

Como são muito incompetentes e ruins pra caramba de matemática, a conta ficou capenga. Garantiu a eleição, mas não consegue garantir a governabilidade e a estabilidade do país. São também bem pouco inteligentes (eu ia escrever outra coisa), porque, fala sério, dar um tiro no pé enviando uma proposta de orçamento deficitário ao Congresso Nacional é passar um atestado de burrice. Falei.

E aí, depois que rebaixaram a nota do Brasil de bom pagador, magicamente, R$ 26 bilhões são “cortados”, de domingo para segunda-feira. Nossa, que eficiência! Só que para alcançar os R$ 64 bilhões, teremos que contribuir com mais impostos, incluindo a CPMF, o retorno.

Sinceramente, achei os cortes anunciados de uma sutileza ímpar. Penso que quando a coisa aperta, qualquer economiazinha tem que ser feita. Mas alguém ouviu falar em corte de cartões corporativos? Em reduzir os próprios salários? Em economizar nos gastos do dia a dia, tipo diminuir a quantidade de carros exclusivos dos Ministros e Secretários de Estado?

Começaram extinguindo a SEALOPRA (aquela de assuntos de longo prazo, nome oficial SAE), mas o “ministro demissionário” continuará com sua boquinha na qualidade de consultor, ou seja, a despesa continua praticamente a mesma.

Eu queria muito ver acabarem com os cabides de emprego. Por exemplo, só a Presidência da República do Brasil tem nada mais, nada menos que 7.000 cargos de confiança, do total de 23.941 no Poder Executivo Federal. O país mais potente do mundo, os Estados Unidos, tem 8.000 cargos comissionados. No total. Mais um indicador do nosso subdesenvolvimento.

Todos os Ministros e Secretários de Estado têm um carro exclusivo com motorista, que os busca em casa, os leva em reuniões, ao aeroporto, entre outros locais que nem precisamos detalhar. Precisa de um carro para cada? Além disso, eles têm entrada separada dos demais funcionários e elevador privativo. Será que precisa? Ah, a igualdade, essa desconhecida pela qual tanto ansiavam os franceses que derrubaram a Bastilha…

E o Senado Federal está trocando os carros de todos os senadores, porque os “velhos” estão com dois anos de uso. E não são carrinhos populares. Cadê os cortes no Legislativo? Cadê os cortes no Poder Judiciário, que abusa de regalias, como auxílio moradia, bolsas de estudo para filhos e outros luxos que sequer sonhamos? Cadê os cortes no que mais onera o país?

Por que aumentar impostos do cidadão comum e isentar a FIFA de impostos? Esta “bondade” está custando caro; não resolveria toda a incompetência, mas diminuiria nossa conta. Vamos mesmo esperar 25 anos para Cuba pagar o empréstimo que pegou com o BNDES? Vai ter juros gordos, pelo menos? A Petrobrás foi “nacionalizada” na Bolívia, e qual foi a multa, taxa de ressarcimento ou reclamação na ONU? E assim nossa nação vai sendo saqueada a olhos vistos.

O preço da incompetência é altíssimo. Além de saquearem nosso país, querem tirar mais de nós, sugar nossos parcos recursos ao máximo. Enquanto isso, desfilam em seus confortáveis e potentes carrões pela Capital Federal, pagam jantares com cartão corporativo e aluguel às nossas custas.

Resta-me cuidar das contas de casa e, com bom senso, continuar alcançando meu “superávit primário doméstico”. Mas se a conta dos impostos aumentar demais, os cortes lá em casa não serão nada sutis.

Bom fim de semana procês!

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