É sempre lindo andar na cidade de São Paulo

A canção do grupo Premê, que fez sucesso na década de 80, diz muito sobre a cidade.  Mas neste início de século XXI, São Paulo está um pouco diferente e muito melhor. Fomos para Sampa convidados para um casamento, mas resolvemos esticar e passamos umas curtas férias por lá.

downloadNo primeiro dia livre para passeios, um domingo, choveu muito! Planejávamos ir à Feira da Liberdade, mas fomos obrigados a mudar nossa rota e decidimos visitar o Museu do Ipiranga, também chamado Museu Paulista. O prédio foi construído onde antes estavam “do Ipiranga as margens plácidas” – no início do Brasil independente! É um monumento, uma homenagem à nossa história. À frente, um jardim enorme e belíssimo, um estilo paisagístico bem francês, que remete ao Palácio de Versalhes. No Museu, pudemos apreciar o início da formação da identidade brasileira, com obras e histórias sobre os bandeirantes. Uma exposição encantadora foi “Nossos pequeninos”, com fotos de crianças do final do século XIX e início do século XX. Havia também uma pequena galeria dedicada às escravas que cuidaram das crianças brancas, com as raras fotografias. Emocionante! A exposição “História do Imaginário” é muito interessante, porque chama a atenção para o fato de que aquelas imagens de pinturas que ilustram livros didáticos de História, nada mais são do que fruto da imaginação de quem os pintou – evidentemente, munidos das informações disponíveis e influenciados pelas ideias predominantes à época. As exposições permanentes mostram um rico acervo que reúne objetos, recortes de jornais, anúncios que fizeram parte da história da cidade: comportamento social e espaço doméstico; trabalho; serviços públicos (destaque para o carro sanitário e de bombeiros). E no salão nobre, a famosa tela de Pedro Américo, “Independência ou Morte”, além de mechas de cabelo das imperatrizes, chaves antigas e outros objetos “imperiais”. O ingresso custa apenas R$ 6,00 e vale muito a pena!

À noite, fomos assistir o Musical “O Mágico de Oz” – um espetáculo! Divertido, bem feito, bem encenado, com efeitos visuais fantásticos (destaque para as árvores que falam e para a morte da bruxa). Neste caso, os ingressos custam caro, mas a diversão é garantida e, afinal, temos que valorizar nossos artistas! Minha dica é comprar os ingressos com o máximo de antecedência – comprei por telefone, uma semana antes, diretamente no teatro e no dia da apresentação, cheguei mais cedo para pegá-los. Após o musical, comemos num restaurante mexicano chamado Yucatán, perto do hotel onde nos hospedamos. Pedi um burrito e vieram duas enormes panquecas de carne, cobertas com uma grossa camada de mussarela. Big mistake! Guardem o nome e não vão lá!

No dia seguinte, fomos ao Mercado Municipal de São Paulo. Variado, rico e muito diferente do Mercado Central de Belo Horizonte. No mercado paulista, vendem-se frutas, verduras, carnes e pescados frescos, além de temperos, frutas secas, doces, bebidas. Nada de artesanato, o que tem muito em BH. E, para não fugir à tradição, almoçamos sanduíche de mortadela – é gigante, só consegui comer metade. Bom demais!

À tarde, fomos para a gravação do Programa do Jô, a convite de minha prima, repórter. Que fino! Eu a-do-rei!! E descobri que quem quiser ir, pode contatar a produção do programa e receberá todas as orientações para participar da plateia (veja aqui). Leve um casaco, porque o ar condicionado é gelado. Participei da gravação de três programas, que foram ao ar nos dias 18 e 21 de março e mais um dia da próxima semana. Mas o mais legal de tudo foi que entrei no estúdio sem nunca ter ouvido falar de Alessandra Maestrini e saí de lá fã dela! Foi um show de jazz, literalmente! O Programa do Jô é gravado às segundas e terças-feiras de 16:30h às 21h, mas pode atrasar, dependendo das condições climáticas de São Paulo e dos locais de origem dos entrevistados.

 Na terça-feira, batemos perna até cansar! Passeamos pelo centro da cidade, fomos à Igreja da Sé, que merece atenção pela sua grandiosidade, estilo neogótico e seus lindos vitrais. De lá, queríamos ir para a Basílica e Mosteiro de São Bento, mas no caminho, nos deparamos com o Solar da Marquesa de Santos, parte do Museu da Cidade de São Paulo, atrás do Pátio do Colégio! Não pude deixar de entrar e fazer uma minuciosa visita. Fotografei alguns objetos interessantes, que pertenceram a ela e conheci um pouco mais de sua vida. Realmente, foi uma mulher fascinante, capaz de despertar fortes sentimentos de amor e ódio. Visita imperdível e grátis! Do Solar da Marquesa, seguimos para o São Bento. Chegamos no meio da missa e não quisemos permanecer, mas visitei a lojinha e comprei algumas gostosuras feitas pelos monges. Pegamos o metrô e fomos para a Estação da Luz. É linda, em estilo inglês (foi fabricada na Inglaterra mesmo…) e está muito bem conservada. Ao lado, o Museu da Língua Portuguesa. Mais um passeio imperdível, principalmente para os amantes da última flor do Lácio! Há algumas atividades interativas, especialmente um vídeo e uma experiência poética de 20 minutos. Emocionei-me, ri, aprendi e, claro, adorei! A entrada custa apenas R$ 6,00 (inteira)!  Já era mais de quatro da tarde, quando resolvemos almoçar e rumamos para a Vila Madalena, onde me deliciei com um sanduíche de carne de panela e dois chopes (justamente neste dia, era duplo!), no Bar São Cristóvão.   Mais à noite, fomos à Pizzaria Carcamano, na ótima companhia de primos de meu marido.

Na quarta-feira, passamos o dia na Pinacoteca. Vale muitíssimo a visita. A entrada custa R$ 6,00 e pegamos um áudio-guia para duas pessoas, por R$ 4,00.  Visitamos 11 salas, onde pudemos apreciar a história da arte brasileira, desde o período colonial, até a época contemporânea. Destaque para as galerias “A tradição colonial”, “Os artistas viajantes”, “Os gêneros de pintura” e “Um imaginário paulista”. No final, a Sala de Interpretação é uma agradabilíssima surpresa, nos mostra como são realizadas algumas técnicas, como a escultura em bronze e a litografia.  Almoçamos na própria Pinacoteca, que tem um café/bistrô com ótima comida – bem caseira! Após o almoço, caminhamos pelo Parque Luz, encantador! Além de belos recantos “naturais”, há exposição de esculturas pertencentes à Pinacoteca. De lá, rumamos para a Estação Pinacoteca, onde nos emocionamos no Memorial da Resistência, que conta a história dos regimes autoritários e das forças de resistência popular. A Estação Pinacoteca foi sede do DOI-CODI, no regime militar e as celas estão preservadas, para manter a memória. É triste, sim, mas é muito importante, fundamental, eu diria. No segundo e terceiro andares, visitamos as exposições e pudemos apreciar obras de artistas importantes, como Tarsilla do Amaral, Volpi, Portinari, Oswaldo Goeldi, Picasso, entre outros. A entrada de R$ 6,00 dá direito à visita à Estação Pinacoteca. Fechamos o dia com um delicioso jantar no Terraço Itália, na companhia de meus tios e minha prima.

Na quinta-feira, meu marido acordou com dor de garganta e, por isso, mudamos nossos planos. Voltamos ao Museu do Ipiranga, para fotos externas e aproveitamos para visitar a Cripta Imperial, que não vimos no domingo, devido à chuva. Lá estão os túmulos de D. Pedro I e das duas Imperatrizes. A Cripta tem ainda uma modesta exposição sobre os fatos e os nomes ligados à Independência do Brasil, além de fotos e da história da escolha do Monumento à Independência, que fica na parte de cima. É uma ótima visita, gratuita e rapidinha.

Uma dica importante para quem quiser visitar São Paulo: procure se hospedar próximo a uma estação de metrô. Facilita muitíssimo o deslocamento. Ficamos hospedados em Itaim Bibi e não tem metrô por lá, mas o serviço de ônibus é excelente! A vantagem é que andando de ônibus é possível apreciar a cidade.

Ficamos devendo uma nova visita a São Paulo: não houve tempo para irmos ao MASP (planejamos ir, mas não deu tempo), ao Parque do Ibirapuera, ao Museu do Futebol, ao Museu da Casa Brasileira, ao Museu Monteiro Lobato, ao Edifício Banespa (o Empire State Building Brasileiro), ao Museu de Arte Moderna, à Feira da Liberdade, ao Museu da Imigração Japonesa. Não foi possível assistir a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, que se apresenta na Sala São Paulo, nem ficar mais tempo nos bares da Vila Madalena… 

São Paulo é a cidade certa para quem gosta de cultura e movimento, de gastronomia e diversão, de diversidade. É uma cidade de mil faces e contrastes: moderna, mas colonial; rica, mas pobre; movimentada, mas calma; quente, mas fria. E, sem dúvida nenhuma, o clima engana!

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