Chapadão

Meu ritmo de trabalho está muito forte nos últimos meses e para completar, de 8 a 11 de novembro estive em viagem a trabalho, numa reunião que estava organizando há alguns meses. A reunião foi ótima, tudo ocorreu conforme o planejado, mas ao final da maratona eu estava exausta. Então aproveitamos o feriado e fomos para o meio do mato. Um dia antes de minha viagem a trabalho decidimos nosso destino: a Chapada dos Veadeiros.

download (5)Optamos por ficar na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso – GO, cuja economia parece estar diretamente ligada ao PARNA Chapada dos Veadeiros; escolhemos uma pousada bem rústica, mas bem bacana, do jeito que eu gosto. A Vila de São Jorge  fica a duas horas e meia de Brasília, a maior parte do caminho é asfaltada e é limitada pelo Parque, um dos santuários de conservação do bioma Cerrado.  A história da região está relacionada à exploração de garimpo, especialmente de cristais de quartzo. É comum vermos os resquícios da exploração de cristais, que era intensa antes da criação do parque, em 1961.

Domingo pela manhã fizemos nosso primeiro passeio – o Cânion e as cachoeiras “As Cariocas”, dentro do Parque. A entrada é gratuita e é obrigatório ir acompanhado de um guia, pois não há sinalização nas trilhas. Adicionalmente, o guia conhece a história do Parque e da região, além de diversas plantas do cerrado e seus usos. O passeio custa R$ 100,00, repartido entre os integrantes do grupo.

O Cânion é muito bonito e impressiona. Primeiro, uma parada para fotos do alto e depois seguimos para o poço, onde pudemos nos refrescar do enorme calor. O guia nos contou uma triste história de tromba d’água – fenômeno comum nos rios do cerrado durante a estação chuvosa. Quando chove na cabeceira do rio, horas depois a água vem com um volume e uma violência tão grandes que se alguém estiver por perto, dificilmente escapa vivo. Continuamos na trilha e seguimos para “As Cariocas”.  São duas cachoeiras, uma ao lado da outra. Há muitos anos, duas moças cariocas se perderam no Parque, passaram uma noite desaparecidas e foram encontradas no dia seguinte junto a estas cachoeiras, daí o nome. É um lugar belo e pitoresco: cachoeiras de um lado, montanhas altas de outro. O passeio dura o dia todo, são 12 km de caminhada (ida e volta) no calor infernal do cerrado, mas valeu a pena. 

No dia seguinte, optamos por trilhas mais light. Pela manhã fomos ao Vale da Lua, que fica em uma propriedade particular e a entrada custa R$ 10,00 por pessoa.  A trilha é curta e em minutos nos deparamos com um belo mirante. Um pouco mais adiante, uma paisagem única: as rochas que sofrem erosão fluvial do Rio São Miguel. É impressionte como a correnteza das águas é forte, a ponto de esculpir as rochas, à semelhança de uma paisagem lunar – daí  nome do vale. São diversos sumidouros ao longo do leito do rio, com várias quedas e redemoinhos, em meio às rochas esculpidas e troncos de árvores atravessados. Um espetáculo. Na maior parte do leito do rio é impossível banhar-se, mas há dois poços bons para banho. No calor do cerrado, é um ótimo refresco! 

Almoçamos em São Jorge e seguimos para o Santuário Ecológico Salto do Raizama, um córrego que deságua no Rio São Miguel. É uma trilha curta, mas cheia de surpresas e paisagens bucólicas. Também é uma propriedade particular e o passeio custa R$ 10,00 por pessoa. O primeiro ponto de parada é chamado de “hidromassagem” e é um bom poço para banho, mas como choveu, havia muito sedimento e a água estava barrosa. Seguimos adiante e avistamos o salto: o córrego Raizama encontra-se com o Rio São Miguel, que vem no meio de dois paredões – outro cânion! – caindo de 40 m de altura.  Belíssimo, impressionante em meio à paisagem verdejante, já que as chuvas começaram. Seguimos adiante na trilha, onde encontramos um mirante para o Rio São Miguel e pudemos avistar toda a força das águas, em sucessivas quedas.  Um pouco mais adiante na trilha, outro poço para banho, sem sedimentos. Uma paisagem bucólica, encantadora. No silêncio da natureza, ouvíamos apenas os sons de anfíbios e o canto das aves. Eu bem que estava merecendo esse relax! 

Como choveu a noite inteira e a manhã toda do feriado, decidimos antecipar nosso retorno a Brasília não sendo possível, portanto, visitar os saltos do Rio Preto, outro passeio dentro do Parque. Não tem problema: este é apenas mais um motivo para voltarmos lá assim que possível.

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Saiba mais sobre o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros no site do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade.