Acerto de contas

Acerto_de_contasCruel e divertido são os adjetivos mais comuns direcionados ao filme Bravura Indômita, dos irmãos Coen. Para mim, as palavras que melhor definem o filme são revelação e dúvida. Sim, a revelação da garota Hailee Steinfeld, no papel de Mattie Ross e a dúvida que surgiu em minha mente no decorrer do filme.

Bravura Indômita é uma refilmagem do clássico western de mesmo nome, lançado em 1969. Não assisti ao original, mas posso dizer que o western do século XXI está muitíssimo bem feito, com belíssima fotografia e um Jeff Bridges sensacional. A genialidade dos irmãos Coen na direção e o cuidado que tiveram na escolha do elenco e equipe tornam meritórias todas as indicações do filme ao Oscar. Uma pena que não ganhou o Oscar de melhor filme. Merecia até mais do que “O Discurso do Rei”, em minha opinião.

O pai de Mattie é assassinado por um empregado e a garota, de apenas 14 anos, toma as rédeas da situação. Negocia animais e contrata um homem da lei com reputação de possuir grande coragem e magistralmente interpretado pelo talentoso Jeff Bridges, para matar o assassino de seu pai. Surpreendendo a todos que procuravam o tal assassino, Mattie faz de tudo para se unir ao grupo, ganhando rapidamente a confiança de Rooster Cogburn (Bridges).

A grande revelação e candidata ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, Hailee Steinfeld dá um show, com uma interpretação segura e convincente. Matt Damon, no papel de um xerife texano, LaBouef, não deixou a desejar e emplacou mais uma ótima atuação. Joshin Brolin, depois de interpretar o looser Roy de “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”, desfila seu talento na pele de um vilão covarde. E Jeff Bridges encarna um bêbado (não tão looser como o Bad Blake de “Coração Louco”), porém eficiente federal e mercenário e, por incrível que pareça, cheio de ternura pela pequena Mattie. É bom lembrar que os tempos do Velho Oeste eram cruéis e que as mulheres eram consideradas inferiores. É por isso que diante da tela e dos feitos de Mattie é que me ficou a dúvida: a quem pertence mesmo a bravura indômita?