Pega um, pega geral…

…E também vai pegar você! Tropa de Elite 2 já disse a que veio nas bilheterias de todo o Brasil. E o sucesso é mais do que merecido, pois está bem próximo das produções hollywoodianas.

download (14)Se Tropa de Elite 1 nos deixou com a sensação que a violência do BOPE resolveria os problemas de criminalidade, afinal “bandido bom é bandido morto”, Tropa 2 mostra que não é bem assim. Em Tropa 1, o então Capitão Nascimento falava do “sistema”, mas o enredo do filme seguiu para o lado do treinamento e das ações contra o tráfico de drogas. Em Tropa 2, há menos cenas de violência e mais cenas para nossa reflexão, especialmente porque estamos em pleno período eleitoral. O agora Coronel Nascimento toma posse como Subsecretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, devido à popularidade alcançada a partir de uma ação do BOPE sob seu comando no Presídio Bangu 1. E então, no cerne do poder executivo estadual, passa a compreender o real alcance do “sistema”. A partir daí, desenrola-se a trama, muito bem encenada, graças à atuação do elenco e ao roteiro impecável.Além da sempre marcante presença de Wagner Moura, na pele de um Coronel Nascimento mais humanizado, as atuações de Irandhir Santos e de Sandro Rocha merecem destaque. Irandhir interpretou o Deputado Fraga, um defensor dos direitos humanos. Na primeira cena em que aparece, ele faz uma projeção a respeito da população carcerária no futuro e os números são assustadores. Depois, ele vai a Bangu 1 para tentar conter uma rebelião, já que ele, com a bandeira de direitos humanos, é um defensor dos direitos dos criminosos lá presos. Aqui, quero abrir um parêntesis para chamar a atenção para a palavra “criminosos”. É bom lembrar que tais pessoas são assim consideradas após julgamento pela Justiça, com amplo direito de defesa. Voltando ao nosso assunto, após a ação do BOPE, Fraga denuncia o governo do Rio de Janeiro pela ação violenta, mas, como bem disse o Coronel Nascimento, “para a opinião pública, bandido bom é bandido morto” e eu fico me questionando porque, geralmente, as pessoas que lutam pelos direitos humanos defendem tanto os criminosos e se esquecem dos direitos humanos das pessoas de bem, reféns dentro de suas próprias casas, entregues à sorte de balas perdidas, quando estão a caminho do trabalho ou até sentadas nos bancos das escolas… E Irandhir Santos personificou com muito talento as pessoas com esse perfil.

O Major Rocha, magistralmente interpretado pelo ator Sandro Rocha, entrou para minha galeria de personagens que só de aparecer na tela já deixam me deixam tensa. Figuram nessa minha galeria, com um poder bem maior de me amedrontar (por óbvias razões), os personagens Chigurh, de Javier Barden em “Onde os Fracos não têm vez” e o Coronel Hans Landa de Christopher Waltz, do filme “Bastardos Inglórios”, ambos vencedores do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 2008 e 2010, respectivamente. Guardadas as devidas proporções, o Major Rocha tem a frieza e a maldade encarnadas, matando ou mandando matar a sangue frio, sem o menor, digamos, pudor. Talvez Sandro Rocha tenha sido a grande revelação deste filme e merece nossos aplausos!

O final do filme não é exatamente uma surpresa, já que as coincidências com a realidade existem, mas nos faz pensar no que fazer nessas eleições. Com tantas denúncias de corrupção e tráfico de influência, talvez seja o momento de dar uma “balançada” no “sistema”.  Ficou a certeza que, apesar de minhas impressões acerca dos defensores dos direitos humanos, estas pessoas podem ser essenciais para combater o “sistema”. Parabéns ao diretor e a toda equipe de bastidores de Tropa de Elite 2, por trazerem à tona reflexões tão importantes em um momento crucial para o país!

1 Response

  1. 07/27/2014

    […] do teatro com uma sensação muito parecida com a que saímos do cinema após assistir ao filme Tropa de Elite 2. E, definitivamente, este problema não é da peça. E nem do […]