Ciência

Hoje, 08 de julho, é o Dia Nacional da Ciência. Comentei com algumas pessoas e nenhuma delas sabia. Muito embora eu esteja, de alguma maneira, inserida no meio científico, só descobri isso porque minha agenda tinha um lembrete. Portanto, não é de se espantar que a ciência seja pouco valorizada em nosso país.

Poucas são as pessoas que têm uma noção do que representa o avanço científico. Muita gente, inclusive, acha bobagem destinar alguns milhões de reais por ano para a ciência, quando temos problemas básicos a resolver, como saúde, educação, saneamento básico. O que essas pessoas não fazem ideia é que o avanço científico e tecnológico é capaz de proporcionar mudanças na qualidade de vida da população, seja no campo da saúde, do meio ambiente, energia, agricultura, navegação, indústria automobilística e diversas outras áreas. O Brasil é um pólo formador de engenheiros mecânicos de altíssimo nível, mas não existe sequer uma indústria automobilística brasileira. Portanto, grande parte dos engenheiros mecânicos formados em nossas universidades é absorvida pelas indústrias multinacionais que nos vendem sua tecnologia a um custo mais alto do que em seus países de origem. Por outro lado, o Brasil é pioneiro em no desenvolvimento de tecnologias agrícolas, graças a pesquisas conduzidas pela Embrapa, pelos institutos agronômicos estaduais, pela Emater, pelas universidades. Além disso, o Brasil exporta tecnologia agrícola para outras áreas tropicais. Contudo, os investimentos públicos nessa área ainda são poucos. E, pior ainda, parece que estamos vivendo uma fase de obscurantismo científico, tal a aversão demonstrada por alguns setores da sociedade aos avanços científicos e tecnológicos, com a desculpa de se proteger a biodiversidade.  Verdade seja dita, nossa biodiversidade deve e precisa ser protegida e todos os esforços envidados para tal são necessários e bem vindos. O que não quer dizer que devemos todos viver sem os benefícios e confortos do século XXI, principalmente porque a maioria das pessoas vive nos meios urbanos e precisa comer. Quem vai produzir tanta comida para tanta gente? Suponho que a chamada “agricultura familiar” não será capaz de suprir a demanda por alimentos de toda a população urbana do Brasil…

Tecnologias agrícolas disponíveis atualmente permitem aumentar a produção de alimentos sem aumentar a área de plantio. Também permitem diminuir o uso de agrotóxicos, o que reflete positivamente em nossa saúde e, principalmente, na nossa biodiversidade. Por essas e outras razões, comida custa tão barato no Brasil em comparação a outros países.

Mas não podemos perder de vista que a ciência é feita de dúvidas e incertezas. É a busca constante de se responder perguntas e testar hipóteses, sendo que a cada pergunta respondida surgem outras. Lembro que tudo o que está em uso hoje, de remédios a alimentos, de etanol a energia solar, é aprovado à luz do conhecimento científico atual, pelas agências e órgãos regulamentadores governamentais.

Enfim, esse é um tema que gera assunto suficiente para uma monografia. E não tenho a intenção de escrever uma agora. Quero, sim, dar um pontapé para refletirmos sobre ciência e sua importância para nosso país. Enquanto penso um pouco mais, vou degustar uma uva sem sementes. E viva a Ciência!