¿Las brujas? Sí, las hay

Las brujas_sí las hayA bruxa anda solta em Brasília e, se alguém não acreditava em bruxas, já está comprovado, sí, las hay. Em menos de duas semanas, houve um curto circuito com início de incêndio na Câmara dos Deputados, uma garagem desmoronou num prédio residencial da Asa Norte e o desabamento de parte de um viaduto numa das áreas mais movimentadas da Capital Federal.

Além da certeza das bruxas, outro dito está confirmadíssimo: Deus é brasileiro. Em nenhum desses eventos houve vítimas. No último desastre, podemos afirmar que foi um verdadeiro milagre, considerando-se a proximidade do horário de almoço e o local, que costuma ficar congestionado — em cima e embaixo — nos horários de pico.

Brasília está se tornando a metáfora perfeita do cenário político do Brasil: incêndios e desmoronamentos.

Reconheçamos: a toda hora tentam incendiar o país sob o disfarce da liberdade de expressão e de manifestação, chegando-se ao cúmulo de se pregar — com a maior naturalidade — a desobediência a decisões judiciais de instâncias superiores. Como se não houvesse uma infinidade de mecanismos recursais.

Tentam incendiar o Brasil formando barricadas de pneus incinerados nas estradas e vias de mobilidade da população. Já que não conseguem arrebanhar multidões para a causa (perdida), então que as multidões fiquem arrebanhadas: ninguém vai, ninguém vem.

O desmoronamento do Brasil começou com mais força em 2011. Para quem não sabe, foi nesse ano que começaram os contingenciamentos orçamentários em todo o governo federal. Não obstante o sinal amarelo para os problemas que se avizinhavam, nenhum reparo foi feito para evitar o desastre. Ao contrário, seguiu-se gastando muito com supérfluos e contingenciando o necessário, especialmente educação e ciência tecnologia, pilares essenciais para o desenvolvimento — mas com resultado a longo prazo. Quando nossos políticos aprenderão que uma nação desenvolvida se constrói com tijolo por tijolo, depois da fundação, do alicerce?

Nosso país se desmorona quando a distribuição de cargos se sobrepõe à competência para solucionar as mazelas brasileiras. Quase não existem mais políticos que pensem no país: pensam no poder, pensam nos privilégios, pensam em enriquecer, pensam em “arrecadar” recursos. Os problemas do país não são discutidos em profundidade, não se corta o mal pela raiz — as soluções são sempre temporárias. Não interessa consertar, basta o suficiente para enganar. Um faz de conta atrás do outro.

O Brasil desaba cada vez que vem à tona as falcatruas de destacadas lideranças — não passam de gangsteres. Verdadeiros um-sete-um, os estelionatários de votos e de esperanças conseguem a caneta para decidir o rumo de todos nós, sem um preparo mínimo. Entretanto, estão muito bem preparados para desfrutarem dos privilégios e encherem bem os bolsos, as cuecas, as caixas de joias etc.

Para completar, uma escalada de violência sem precedentes, resultando na morte de vítimas inocentes, crianças que nem sequer tiveram a chance de crescer. Está tudo desmoronando, tudo desmanchando e mais podridão aparecendo.

O caos está instalado há muito tempo, a situação beira ao incontrolável. E enquanto o país desaba e pega fogo, como consequência inevitável de tanta desonestidade e roubalheira, a maior preocupação de nosso congresso e de nossos governantes é com as eleições.

Francamente, deveriam pensar em fazer algo útil como, por exemplo, abandonar a Capital Federal para sempre e dar lugar a quem quer servir e não servir-se do dinheiro, da máquina pública e do povo. Como isso não vai acontecer espontaneamente nem no dia de São Nunca à tarde, afastar essa corja do poder está em nossas mãos. Assim, quem sabe no médio prazo, não conseguimos escapar das trevas e espantar todas as bruxas que enfeitiçaram nosso Brasil?