Quem sabe usar a internet?

Quem-sabe-usar-a-internet-300x200“Você sabe usar a internet” — já perdi a conta do número de vezes que ouvi essa frase de meu marido. E ele diz isso porque me vê na internet sempre buscando algo que vai ser útil para mim ou para outros. De fato, a internet é uma ferramenta e tanto e, aliada a diversas tecnologias, tem potencial para melhorar a vida de muita gente.

No site G1 do último domingo, 14, foi publicada uma matéria sobre o reencontro de uma família, que teve um irmão desgarrado há 70 anos!! Graças à internet e às redes sociais, essas pessoas, já idosas, puderam se rever. O tempo perdido pelo irmão que saiu de casa e nunca mais voltou jamais será recuperado, mas certamente o fim de sua vida será mais feliz.

Isso só foi possível por duas razões: a primeira é a tecnologia médica, que permite que vivamos por mais tempo, com saúde. O irmão que deixou a família aos 17 anos pôde rever os seus 70 anos depois, ou seja, aos 87 anos. Seus irmãos são mais novos, mas também já são idosos.

A outra razão é que o mundo está conectado de tal maneira que podemos encontrar quem quer que seja, com poucas informações. Os graus de separação entre as pessoas estão cada vez menores. Mas essa parte tem duas faces: pode ser para o bem ou para o mal.

Vejo sempre que alguns de meus amigos no Facebook colocam onde estão em modo público. Acho isso um perigo. O Brasil é um país violentíssimo, me parece melhor não dar tantas informações sobre a vida particular publicamente. Não duvido que um ladrão possa entrar em casa se souber que estamos viajando. Ou que um hater vá atrás de um desafeto e o mate, ou o machuque, sei lá. Pelo sim, pelo não, o modo público nas redes sociais deve ser usado para atividades mais gerais, tipo divulgar o Crônicas da KBR, livros, uma matéria interessante, coisas assim.

Além dessa parte, a internet pode ser a fonte disseminadora de mentiras, calúnias e interferir negativamente na vida da pessoa. Se antigamente uma fofoca que se espalhava boca a boca já causava estragos, imaginem uma ferramenta poderosa, capaz de divulgar o que quer que seja com um toque. Aliado aos softwares de edição de imagens, as mentiras e calúnias ganham outros contornos nesses nossos tempos.

Recentemente, circulou uma imagem do Aécio Neves abraçando e beijando o Sérgio Moro. Montagem tosca, pra dizer a verdade. Qualquer um seria capaz de perceber, com um pouquinho de atenção. Contudo, a imagem viralizou. Uma coisa dessas só é possível por duas razões: a primeira é que falta ao brasileiro médio o mínimo de espírito crítico, como bem pontuou nossa colunista Cláudia Valle em sua crônica de hoje. O segundo motivo é que tem muita gente que age de má fé mesmo e gosta de espalhar a discórdia, pra ver no que é que dá.

O Brasil é ambiente fértil para teorias da conspiração de todo tipo. Pois imaginem que ontem mesmo ouvi de uma criatura que os EUA mantêm uma população escrava e planejam um genocídio para… roubar água. Para isso, possuem uma espécie de bunker subterrâneo com milhões de caixões de resina para colocar os corpos. E ao terminar esse discurso sem pé nem cabeça, acrescentou: “sou antropóloga”. Nunca ouvi tanta bobagem e a eficiência em queimar o filme dos antropólogos em tão pouco tempo, fala sério.

Quase todas as teorias da conspiração envolvem os EUA, é incrível. Com a Coreia do Norte pronta para iniciar uma guerra — que por sinal, tem os EUA como principal alvo —, quem vai fazer o genocídio do mundo são os Estados Unidos? E mais, genocidas se preocupam com caixão para os mortos? A História mostra que não. O genocídio é um desrespeito sem tamanho, os corpos dos mortos não têm valor para os genocidas, seriam (e foram) jogados em valas. A antropóloga rainha do besteirol não sabe História ou é incapaz de racionar. Ou as duas coisas, mais provável.

Adivinhem onde essa criatura coletou essas informações que ela dissemina?

Enfim, precisamos aprender a usar a internet, a ter filtros para sites e informações, a ver imagens e perceber montagens. Precisamos estar atentos às teorias que querem nos envolver, às falácias disseminadas.

Nosso problema não são apenas as fake news. Nosso problema é a crença em absolutamente tudo o que nos falam ou nos mostram. O brasileiro precisa aprender a usar a internet, ler mais de fontes seguras, ter um espírito mais crítico. Sei não, mas acho que as estatísticas de analfabetos funcionais no Brasil estão defasadas. Tem muito mais.

2 Responses

  1. Cristiane Monteiro disse:

    Adorei, amiga! São os analfabytes que não utilizam a internet com visão crítica. Bjs