O que é socialite?

O que é socialite— D. Vânia, o que é socialite? — foi a pergunta com que me deparei essa semana, vinda da moça que me dá uma mão em casa.

Meu marido e eu nos olhamos e, instantaneamente, entendemos o motivo da pergunta:  assim se intitula a megera racista que atacou Titi — a filhinha do Bruno Gagliasso e da Giovanna Ewbank.

Já que nossa interlocutora não devia fazer a menor ideia do que é uma coluna social — confesso que eu nem entendo isso direito —, resolvemos explicar de maneira bem simples e didática:

— Se você perguntar a uma pessoa se é médico, ela vai responder não.

— Professor?

— Não.

— Advogado?

— Não.

— Servidor público?

— Não.

— Empregado doméstico?

— Não.

— Porteiro?

— Não.

— Frentista?

— Não.

— Enfim, qualquer profissão que se pergunte a resposta será “não”. Isso é socialite: uma pessoa desocupada, interessada apenas em… aparecer.

Nossa ajudante deu uma gargalhada e entendeu que, no frigir dos ovos, socialites não são nada, ninguém importante.

Se pensarmos um pouco, nada mais fútil e chato do que ser socialite. Uma pessoa assim vive preocupada com o que os outros vão pensar dela. Leva a vida em função de terceiros, não de si mesma. Não aparece em nenhuma foto de rede social sem maquiagem ou com o vestido repetido — roupas só podem ser usadas (publicamente) uma vez. Posa sempre com um chapéu estiloso e óculos de sol caros. Os cabelos estão sempre impecavelmente escovados e a tintura nunca vence. As plásticas no rosto são visíveis, geralmente o resultado fica horrível: em muitos casos, as rugas fariam melhor figura nas fotos. Isso quando a cara não está paralisada de botox.

A socialite que se preze faz caridade e posta no Facebook e no Instagram o dia que passou no asilo com os velhinhos necessitados, doando alegria e os alimentos e agasalhos da campanha que promoveu entre as amigas.

Quando vão à missa, as respeitáveis senhoras usam véu e empunham um terço chiquérrimo, de pedras que brilham — nada de continhas de plástico. Sentam-se no primeiro banco da igreja e só recebem a comunhão do padre — nada de ministros da Eucaristia.

Mas a bruxa racista que se autoproclama socialite — faço questão de não escrever o nome — tem uma diferença enorme em relação a qualquer verdadeira dama da high society.  As socialites, digamos, “de berço”, jamais cometeriam a “gafe” — para elas é isso — de maldizer publicamente qualquer pessoa ou parente, muito menos os filhos, de quem quer que seja. Em geral, são senhoras que se esforçam em distribuir simpatia e sorrisos, sempre acompanhados de elogios, que podem até soar falsos, mas não são palavras ofensivas.

Sabem o que acontece? Titi desperta a inveja da falsa dama: foi adotada por um casal-celebridade e é muito amada por seus pais e, por que não dizer, por todo o Brasil. Sua história é comovente e teve um final feliz — amamos quando tudo termina bem. Os três, Bruno, Giovanna e Titi são uma família linda e feliz.  A fofíssima Titi cresce saudável e cercada de amor.

A megera pagará um preço por essa aparição que mancha a reputação da classe socialitística, esperamos. Os pais da menininha já fizeram a denúncia, a polícia vai investigar e, certamente, o Ministério Público entrará com uma ação na Justiça por injúria racial. A megera poderá amargar de dois a cinco anos de prisão.

Pouco, muito pouco mesmo. Merecia mais, muito mais. Afinal, ofender maldosa e gratuitamente uma criança de apenas quatro aninhos é crueldade pra mais de metro.